Lost In The Supermarket

São Paulo, Brasil, tédio. Final de semana cinzento e sem graça é salvo por um amontoado de filmes, uma dívida enorme e uma festa.

Sábado à noite, lá estava eu. Passeando pela locadora, uma que foge do cenário ?Hollywood básico? e vai muito além do cheiro de pipoca, gordura, manteiga e crianças hiperativas, quando de repente me deparei com alguns títulos que não poderiam passar despercebidos. Meus olhos brilharam.

Sim! Confesso que sou tão viciado em cinema quanto em música e nos últimos meses acompanhei uma avalanche de títulos combinando películas, amianto e muito barulho. Uma das novidades é o documentário Punk: Attitude que vem recheado de trechos raros de arquivos de bandas como Stooges, Clash, MC5, Sex Pistols e New York Dolls, além de contar com a participação de Tommy Ramone, Henry Rollins, Chrissie Hynde, entre outros.

Em uma prateleira não tão distante me deparo com Geração Punk (Blank Generation) de 1979, agora em DVD, que conta com a participação de Andy Warhol e Richard Hell, vocalista da banda Richard Hell and the Voidoids. A história se passa nas ruas de Nova York e em clubes underground, como o CBGB, dando uma boa fotografia da época.

Já louco para trocar minha mochila por um carrinho de supermercado, vejo sete filhos de um homem que poderia chamar de pai ao melhor estilo Inri Christi: Martin Scorsese e a série The Blues.

Sob sua produção executiva, o próprio Scorcese e outros seis diretores (Win Wenders, Richard Pearce, Charles Burnett, Marc Levin, Mike Figgis e Clint Eastwood) tentam capturar a essência do Blues, começando pela suas origens africanas até o Delta e a subida do Rio Missisipi. Lindo.

Já Dig!, meu documentário favorito e vencedor de Sundance em 2004, não achei e tive que encomendar. O filme retrata a ascensão de duas bandas: Brian Jonestown Massacre, tido por alguns como o Velvet Underground dessa geração e Dandy Warhols. O documentário acompanha a amizade e a rivalidade intrínseca entre essas duas bandas e seus vocalistas na busca pelo sucesso e reconhecimento musical. Indispensável!

Feliz como madame em shopping center, se pudesse, passaria dos limites. Bird estava em promoção e poderia aproveitar para levar No Direction Home, sobre Bob Dylan e se encontrasse, por que não levar Sid e Nancy também? Ah! Se pudesse!

Sábado á noite, frio e nada para fazer, lá estava eu na locadora, pulando de alegria como criança em playland e tacando ovos na cara dos curiosos que se atreviam a perguntar o porquê de tanta euforia, tudo com muito carinho, sempre.

Essa onda de filmes e documentários nas prateleiras atingiu meu peito em cheio, me deixando atordoado e levando meu cartão de crédito. No regrets. Ficam aí as dicas.

Quanto à festa? Ah, isso fica para depois.

Milton Candil é músico, jornalista e certa vez editor de fanzine. Apaixonado por música, cinema, poesia e cultura em geral. Dedica seu tempo à busca por novidades, bizarrices e bandas que durem mais de três meses.

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Nota: As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade do autor.