Rock independente – o mapa de todos
Entre os dias 27 e 29 de novembro, ocorreu no Espaço Brasil Telecom, em Brasília (DF), um evento muito interessante voltado ao rock alternativo ibero-americano. Foi o “El Mapa de Todos”, que juntou shows, oficinas e debates sobre a nova cena alternativa gerada a partir das novas possibilidades de divulgação musical fora dos padrões das grandes gravadoras e das mídias tradicionais (rádio e tv). A organização do festival foi de Fernando Rosa, jornalista e dono do selo Senhor F, com patrocínio da empresa de telefonia.
Nos debates, o ponto central foram as ações por meio de sites como os conhecidos MySpace e Trama Virtual. Neles, músicos se apresentam a internautas interessados em música, criam redes de relacionamentos e armam contatos para shows e gravações. O “sucesso” dessas bandas, como ocorre nos sites da web, se mede pelo número de acessos que suas páginas recebem. No caso da Trama Virtual há, inclusive, uma remuneração por download feito de uma música, pago pelo patrocinador do site até um certo limite.
Mas, como nada é possível apenas na cena virtual da rede, outro mecanismo de divulgação desses grupos são os festivais alternativos que ocorrem pelo Brasil, muitos filiados à Associação Brasileira de Festivais Independentes, a Abrafin. Desses, alguns são o Goiânia Noise, o Rec Beat e o Coquetel Molotov (ambos de Recife), o MADA (Natal) e o Jambolada (Uberlândia), mas há muitos outros que dão suporte a uma movimentação que cresce a despeito da ausência de cobertura da grande imprensa e da falta de gravadoras para suporte técnico e artístico.
Apesar de muitos pensarem que a transformação da música em um arquivo digital acabaria com o CD e com as gravadoras, ambos continuam muito presentes, porém, na cena alternativa eles têm outro perfil. O CD é um produto de apresentação do trabalho da banda e não somente fonte de lucro de gravadora. Esta, por sua vez, não é mais uma grande empresa que molda o artista e o transforma numa mercadoria. Agora, os selos são pontos de apoio para os grupos, auxiliam a produção musical do disco e os colocam à venda nesses festivais sem o sentido puramente comercial. Nas palavras de Rodrigo Lariú, dono da Midsummer Madness Records, trata-se de uma parceria em que ambos, gravadora e artista, se auxiliam mutuamente.
Neste evento em Brasília, Lariú estava com seus discos à venda e divulgou seus parceiros e sua forma de trabalho na palestra que deu. Também estavam presentes Fabrício Nobre, da Monstro Discos, e Sylvie Piccolotto, do Scatter Records, ambos selos que apóiam e divulgam grupos da cena alternativa roqueira nacional.
Da imprensa, apareceram apenas os jornalistas mais afinados com os independentes, como Lucio Ribeiro (Portal iG – blog Popload), J. Flavio Jr. (Bravo!), o veterano Jamari França (Globo Online – blog JamSessions) e o representante da revista Rolling Stone da Argentina.
Veja o site do festival
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Herom Vargas, é doutor em Comunicação e Semiótica e professor nos cursos de comunicação da USCS e da Universidade Metodista de S. Paulo. Já tocou em vários bares da vida e, atualmente, pesquisa música popular.
Fale com o Herom: redacao@entermagazine.com.br