Coluna: O Som da Coisa - Por Herom Vargas
16/1/2009
Grupos de rock alternativo
Se há gravadoras e festivais que ajudam o rock alternativo a existir e internet para divulgar, isso só seria possível com bandas dispostas a produzir som de qualidade e com público interessado em novidades. Como o segundo quesito só aparece com a partir do primeiro, é necessário falar dos artistas que compõem a cena independente.
No evento “El Mapa de Todos”, em Brasília (DF), comentado na coluna do mês passado, um grupo me impressionou bastante. É o Macaco Bong, trio de Cuiabá (MT). Eles fazem rock instrumental, gênero praticamente impossível de ser comercializado pelas majors, porém, bastante diferente do que se conhece dentro desse campo. As presenças no palco e a qualidade dos músicos garantem composições muito boas.
Bruno Kaypy trabalha riffs em sua guitarra com desenvoltura e criatividade. Não se trata dos cansativos guitar heros que encontramos aos montes no rock. Magro, alto e negro, fisicamente lembra o mítico Jimi Hendrix. O baixista Ney Hugo é contido, mas fundamental na sustentação som da banda. Já o baterista Ynaiã Benthroldo é exímio e bastante solto. Suas marcações variam e estão longe das redundâncias do pop. A página dos meninos no my space e o primeiro CD – Artista Igual Pedreiro (Monstro Discos) – são as portas de entrada no universo sonoro do Macaco Bong.
Dos discos que comprei na banquinha de CDs, nem todos chamam atenção. Um interessante é o Descartável Longa Vida (Monstro Discos), do paulista Ecos Falsos. As boas letras e as participações especiais de Tom Zé e Fernanda Takai são os destaques do trabalho. Uma coletânea de valor do selo Midsummer Madness é o disco Porque este Oceano es el Tuyo, es el Mio, com quatro bandas brasileiras, três chilenas, cinco argentinas, uma do Peru, uma mexicana, uma da Colômbia, uma do Uruguai e outra da Venezuela. A variedade de sons, gêneros e estilos é o ponto alto do disco.
Tem aqueles que não aproveitam o melhor da condição indie – a possibilidade da experimentação – e mantêm suas músicas próximas do padrão pop amplamente conhecido. São os casos do pernambucano Volver e do gaúcho Superguidis (selo Senhor F), que nada de novo apresentam. Há ainda os artistas de influência folk e com canções mais tranquilas, sem os apelos do pop e do rock, como o grupo cuiabano Vanguart e o cantor e compositor brasiliense Beto Só. Também de Brasília é a banda Móveis Coloniais de Acaju, já mais conhecida e que toca ska em alto e bom som.
Por fim, os gaúchos do Graforréia Xilarmônica, cujo CD ao vivo (selo Senhor F) traduz muito bem o alto astral de composições satíricas como Amigo Punk, A Técnica do Baixo Elétrico, Empregada ou Literatura Brasileira.
Herom Vargas, é doutor em Comunicação e Semiótica e professor nos cursos de comunicação da USCS e da Universidade Metodista de S. Paulo. Já tocou em vários bares da vida e, atualmente, pesquisa música popular. Fale com o Herom: redacao@entermagazine.com.br
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