Coluna: O Som da Coisa - Por Herom Vargas
 
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Coluna: O Som da Coisa - Por Herom Vargas
16/2/2009


Capa de disco também é arte!

Até algum tempo atrás, toda música gravada era fixada em um suporte chamado disco que, por sua vez, vinha dentro de uma capa de papel ou cartolina. Essa embalagem, aparentemente simples, ganhou status de arte no Brasil num momento muito especial e o marco dessa virada são os trabalhos do designer Cesar G. Villela, entre os anos 1950 e 1960.

Antes do LP (long playing), havia os bolachões de 78 rpm com uma música de cada lado. Eles eram lançados em função do sucesso das canções e as capas eram de papel com o nome da gravadora e um buraco no meio pelo qual se via o selo redondo do disco com suas informações. O máximo em termos de produção visual ocorria em lançamentos especiais de caixas contendo vários 78s de determinado artista.

A arte gráfica em capas se desenvolveu com os LPs que traziam mais faixas gravadas e maior espaço de ilustração. Lançado pela Columbia nos EUA em 1948, ainda com 10 polegadas de diâmetro – aumentado para 12 em 1952 –, esse formato possibilitou que artistas visuais traduzissem o som do disco em imagens que, como nas embalagens, facilitariam a venda.

Aqui no Brasil, o LP foi lançado em 1952 e, no final da década, Cesar Villela iniciava sua trajetória na Odeon. Ele buscou maneiras de eliminar as imagens tradicionais usadas – foto posada do cantor, paisagens bucólicas, mulheres bonitas etc. – e substituí-las por soluções visuais menos rebuscadas que produzissem comunicação rápida em compasso com a modernidade das artes gráficas.

A guinada inventiva aconteceu quando foi convidado por Aloysio de Oliveira (músico, que acompanhara Carmen Miranda aos EUA com o Bando da Lua, e produtor) que, em 1963, fundou o selo Elenco e começou a gravar o pessoal da bossa nova. Não apenas por falta de dinheiro para grandes gastos com capas, mas, em grande parte, por conta do projeto que Villela já testava, os discos da pequena gravadora, além de trazerem a nata da música brasileira da época, produziram uma verdadeira revolução gráfica.

Os trabalhos do designer, em parceria com o fotógrafo Chico Pereira, se caracterizavam pelo uso do preto e branco, fotos em alto contraste, elementos gráficos trabalhados nas letras (nome do artista, nome do disco etc.) e, quase sempre, quatro bolinhas vermelhas mescladas às imagens, sendo que uma era do logo criado para o selo. Segundo o próprio artista, o propósito era ter uma imagem limpa, econômica e de comunicação imediata.

Essa aventura inovadora não durou muito. Em 1964, Villela aproveitou a instabilidade política e os amigos de música que saiam do país e foi para os EUA. Aloysio não suportou a concorrência e vendeu a Elenco para a Philips em 1967. Mas, o revolucionário projeto gráfico tornou-se a grande marca visual não só desse selo, mas da bossa nova. Ficou ainda na história do disco, imitado por muitas gravadoras.

Para ilustrar, vale a pena conhecer as capas da Elenco (as de 1963 e 1964 são de Villela) no site: http://www.bizarremusic.com.br/elenco/1964.htm

Herom Vargas, é doutor em Comunicação e Semiótica e professor nos cursos de comunicação da USCS e da Universidade Metodista de S. Paulo. Já tocou em vários bares da vida e, atualmente, pesquisa música popular. Fale com o Herom: redacao@entermagazine.com.br

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