Green Day: 21st Century Breakdown
15/5/2009
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Por Ira carlovich
Há cinco anos, a ótima produção de Rob Cavallo em conjunto com o talento natural de Billie Joe, Tré Cool e Mike Dirnt para criar refrões e melodias de memorização fácil e natural, o Green Day lançou o aclamado (merecidamente) American Idiot, vencedor do Grammy de 2005 por melhor disco de rock. Foi o retorno avassalador do trio aos holofotes após alguns anos mais obscuros, se comparados ao início de carreira meteórico.
As críticas contundentes ao governo Bush com as outras qualidades do álbum citadas acima, ainda contaram com mais um fator decisivo para o sucesso e impacto de American Idiot: a surpresa. Pouco tempo antes, poucos podiam imaginar que o Green Day ousaria tanto ao lançar uma ópera-rock não estando exatamente na melhor fase da carreira. Mas a história mostrou que o risco trouxe glória ao grupo.
Com 21st Century Breakdown, o GD não mais conta com o elemento surpresa, mas mesmo assim escolheu seguir pelo caminho iniciado em 2004.
Agora como Butch Vig na produção, o trio tentou se aprofundar ainda mais em uma obra complexa, cheia de camadas e texturas e ainda mais longa: são 18 canções divididas em três atos, Heroes and Cons, Charlatans and Saints, Horseshoes and Handgrenades.
Em 21st Century Breakdown, são explorados temas como o armamento nos EUA, críticas a vaidade exacerbada, questionamentos ao modo de vida moderno e... ao posicionamento dos EUA perante o resto do mundo, com um pouco menos de ênfase do que seu antecessor. Tudo protagonizado pelos personagens Christian e Gloria.
É indiscutível que a banda sabe oferecer, e muito bem, um pouco de tudo que seus fãs gostam: há músicas rápidas e simples, todas com refrões que já podem ser cantados juntos após serem escutadas apenas duas vezes. Estrategicamente, elas intercalam as faixas mais progressivas e lentas do álbum.
O contraponto das rápidas 21st Century Breakdown, Know Your Enemy e before the Lobotomy, por exemplo, são épicas Restless Heart Syndrome e 21 Guns, mais longas e épicas, que dão mais o tom ópera-rock ao álbum.
É fácil achar referências pelo álbum, desde Tommy, do The Who, em detalhes como a introdução de 21st Century Breakdown e See the Light (abertura e enceramento ao álbum, respectivamente) ao estilo de produção a la Rob Cavallo como em ¿Viva La Gloria?, que tem semelhanças de andamento e timbragem com Mama, do My Chemical Romance.
21st Century Breakdown não chega a brilhar como American Idiot, mais coeso e sucinto. O Green Day soube muito bem usar todas suas marcas registrada no novo disco e ainda aliar boas idéias ao projeto de novas sonoridades iniciado em 2004. Com certeza será sucesso de vendas e deve render prêmios ao grupo, mas que em comparação ao seu disco antecessor, prova que, às vezes, menos é mais.
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